«Escrito em 1943, O Senhor Ventura apresenta-nos a figura de um português errante por terras do Oriente, uma figura com uma longa tradição na literatura portuguesa, desde Os Lusíadas ou a Peregrinação de Fernão Mendes Pinto até O Mandarim de Eça.
O Senhor Ventura, personagem que parece extraída do melhor romance picaresco, sai do seu Alentejo natal para se lançar a uma vida de aventuras pela China, que o levará ao desempenho das mais diversas atividades, nem sempre legais. A viagem serve-lhe também como descobrimento da amizade e do amor que o protagonista vive de forma atormentada.
A figura do senhor Ventura personifica o triunfo da vontade, mas também propicia uma reflexão sobre uma certa ideia de Portugal. Nesta personagem, Miguel Torga reivindica a recuperação do espírito intrépido e aventureiro dos portugueses da época dos Descobrimentos. Em palavras do autor: "Não me resigno à ideia de ter vindo à luz neste tempo e numa terra durante séculos inquieta de descobrir e saber, e depois tragicamente adormecida para tudo o que não seja olhar-se e resignar-se... Encho-me da lembrança mágica do Senhor Ventura, que nenhuma razão impediu de correr as sete partidas que esperam em vão por nós."»
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