sábado, 30 de junho de 2012

A música na literatura # 4

Um trecho da Flauta Mágica (by Haruki M.)

      « - O que dizes não te faz lembrar a Flauta Mágica? Sabes, a Ópera de Mozart? Armado de uma flauta mágica e de umas campainhas mágicas, o príncipe resgata a princesa cativa num castelo remoto. Adoro essa ópera. Já a vi e ouvi tantas vezes que sei o libreto de cor e salteado. Quando Papageno canta "sou eu, o caçador de pássaros, conhecido por novos e velhos em toda a parte»? Alguma vez assististe à Flauta Mágica?
      Respondi que não com a cabeça. Nunca a tinha visto.
     - Na ópera, o príncipe e o caçador de pássaros, Papageno, vão ao castelo guiados por três meninos que viajam numa nuvem. Trata-se, na realidade, de uma luta entre o reino do dia e o reino da noite. A rainha da noite procura resgatar a princesa mantida prisioneira no reino do dia, mas, a dada altura, os protagonistas acabam por não saber bem em qual dos dois reinos está a razão. Quem está cativo e quem não o está? No final, como é bom de ver, o príncipe encontra a princesa. Papageno fica com Papagena, e os maus vão direitinhos para o Inferno... - concluiu Noz-Moscada, passando a ponta do dedo pela borda do copo - Mas tu, de momento, não tens nem caçador de pássaros nem flauta mágica nem campainhas mágicas. 
     - Tenho um poço - disse eu.
    - Se o conseguires comprar - replicou Noz-Moscada, sorrindo como se desdobrasse um elegante lenço. -O teu poço. Todas as coisas têm o seu preço.»

                                                                                           in «Crónica do Pássaro de Corda» (p.427)

sexta-feira, 29 de junho de 2012

Há para todos os gostos

Serve este post para reorganizar as minhas próprias ideias. O que custa é escolher. É que até me baralho!
É óbvio que só aqui coloco o que, eventualmente, tenho alguma possibilidade de usufruir. É que há MUITO mais! Valha-nos S. Pedro! Que não chova, é o que peço. Que não chova!

Hoje, sexta-feira, 29 de Junho, começa o Festival Gmr 360º
«Nouvelle Vague.pt, Cibelle, Miúda, David Fonseca e Orelha Negra são alguns dos nomes fortes do cartaz. A Montanha da Penha, em Guimarães, vai entrar na rota dos festivais de música deste verão, mas não só: vamos ter artes circenses, teatro, mini-motas, paint ball (...). O festival combina, em cada um dos seus 3 dias (29 e 30 de junho e 1 de julho), uma programação eclética e multidisciplinar dirigida a todas as idades e géneros artísticos, desde o cinema ao ar livre, ao teatro, passando pelo jazz, sempre nos locais mais imprevistos e misteriosos da Montanha da Penha, congregando assim uma vista de 360º sobre a arte contemporânea na sua maior amplitude.»

Isto é uma praça. «A festa de inauguração da "praça" acontece dia 29 de Junho, a partir das 21h. (...) O projeto "Isto é uma praça" iniciou no dia 11 de junho e prolonga-se até 1 de julho. É uma iniciativa que pretende trabalhar objetos de design público, peças urbanas e mobília exterior com o objetivo de estimular novos comportamentos no espaço público e ainda proporcionar e encorajar a socialização e o encontro. (...) Este laboratório está aberto à participação de todos(...)».  E amanhã, sábado, das 13h às 19h, há lá «Mercado Urbano».

Na Fábrica ASA acontece: «Shelters» - dança/ música - estreia mundial (às 22h) e «5+5», 5 artistas, 5 projetos - instalação- que fica durante mais tempo, pelo que posso guardar para depois. Para além de todas as mostras que já existiam. 

No CCVF, hoje (29 Junho) temos: «Jorge Queijo - 1ª sessão inclusiva», às 22h.

No CAAA, às 22.30, no âmbito do festival Beat.Bit, há uma performance de um libanês, Mazen Kerbaj, com Carlos Zingaro, um músico português, pioneiro na utilização das novas tecnologias na composição e interação em tempo real. 

No Laboratório das Artes (por cima do Café Milenário), às 23h, temos música: Lasso (um grupo cá do Norte, de Barcelos), com entrada livre. 

«Frame Box» está na Alameda de S. Dâmaso e na zona de Couros: «pretende estimular a novas e futuras memórias da cidade, através da implantação de três estruturas em forma de caixas brancas, que permitem limpar a nossa visão periférica e direcionar o nosso olhar para elementos específicos». Como só ficam até domingo, vou procurá-las! 

Amanhã, sábado, 30 de Junho, continua o festival Gmr 360º, repete-se «Os 12 trabalhos de Hércules» (teatro de marionetas), continua «5+5», o festival Beat-Bit, ...

No CAAA, às 17h, no Beat.Bit, há uma conferência de 1h, chamada «Som animado»; às 21h, há nova performance - «Tropismes»

No Centro Histórico, das 19.30 às 21.30, ocorrerá um desfile de um criador vimaranense, ao longo de um percurso pré-definido, pelas principais zonas históricas. «Surgirá como um evento de rua, fugaz (...) surge como uma ode à criatividade que coadunará com o fator surpresa e o street style levado a um extremo». 

No Paço dos Duques, às 21h30, com entrada gratuita, durante 75 minutos, temos «O cinema em concerto» pela Banda Musical de Pevidém. Do programa fazem parte músicas de filmes como: O fabuloso destino de Amélie, Cinema Paraíso, ... Ai, que eu não posso perder isto!

No CCVF, às 22h, «Paula Teixeira - 100% inclusivo» (5 euros). À mesma hora, «Penthesilia- dança solitária para uma heroína apaixonada» - teatro - com um custo de 10 euros.

Também há «Obra'Casa», no largo 25 de Abril, ao lado da CGD, uma mostra artística coletiva, que fica até 6 de julho. 

No domingo, dia 1 de Julho, desde as 11 da manhã às 7 da tarde, há Picnic Play no Parque da Cidade: com música, desporto, animação, venda de alimentos, artesanato, workshop's, dj's, cinema, tenda chill-out, performances, etc. E voltará o Picnic Play, domingo sim, domingo não!

No CAAA, continua o festival Beat.Bit. No domingo há várias sessões, todas com entrada gratuita. Às 21h, parece-me que será imperdível. 

E há mais. Muito mais. Mas com isto já me oriento!

quinta-feira, 28 de junho de 2012

A música na literatura # 3

Algumas páginas cheias de música


          «Através das colunas invisíveis ouvia-se, com o volume no mínimo, um quarteto de Haydn» (p.382) e «A etapa seguinte foi um cabeleireiro unissexo (...) Viam-se plantas envasadas por tudo quanto era sítio e, através de umas colunas Bose, fazia-se ouvir baixinho um festival de improvisos labirínticos de Keith Jarret em piano solo» (p. 401).
            Tenho cá para mim que Murakami assistiu ao concerto que originou este vídeo. Foi em Tóquio. Em 1984. A descrição do livro leva-me a crer que sim.

         «Depois fixou durante algum tempo a sua atenção no saleiro e no pimenteiro que estavam em cima da mesa, antes de levantar bruscamente a cabeça, olhar para mim e dizer:
-Nutmeg Noz moscada?
- Nutmeg?
-Lembrei-me assim de repente. Se achares bem, fica a ser o meu nome.
- Por mim, tudo bem. E ao seu filho, devo chamar-lhe o quê?
- Canela.
- E «parsley, sage, rosemary and thyme»... - cantarolei eu.» (p. 406)
                                                                            in «Crónica do Pássaro de Corda», Haruki Murakami
«Are you going to Scarborough Fair?
Parsley, sage, rosemary and thyme
Remember me to one who lives there
She once was a true love of mine»

quarta-feira, 27 de junho de 2012

Música # 6

Love, love, love 

Exposições # 4 Um domingo bem recheadinho de CEC

      O domingo passado foi dedicado a atividades no âmbito da CEC. Para além de «Tempo para sentir» (à noite), durante a tarde, foi um corridinho. Começamos pela Plataforma das Artes e da Criatividade, um dos ex-libris, finalmente inaugurada. Fiquei agradavelmente surpreendida. É magnífica. Que seja bem aproveitada, é o que espero. A exposição «Para além da História» reuniu três coleções de José de Guimarães (arte tribal africana, arte pré-colombiana e arte arqueológica chinesa), muitas obras da sua autoria e (poucas) de outros artistas. 


     Após a visita às exposições, dirigimo-nos à Fábrica ASA para adquirir as moedas de 2 euros, comemorativas da CEC 2012. Aproveitaríamos para ver a exposição de Christian Boltanski, que está lá desde sexta feira passada. E nada mais: os objetivos eram esses! Mal sabíamos nós que muito mais havia para usufruir. Assim, depois de bem hidratados porque o calor era imenso, sentamo-nos no curioso auditório da ASA e começamos por assistir a uma apresentação de jovens músicos. Engraçadito, nada mais. Depois, lá fomos procurar Boltanski. Esta sim, foi uma exposição surpreendente! Tem dois trabalhos:  «Dança Macabra» e «Último Segundo». Boltanski é um artista parisiense que disse o seguinte sobre as suas exposições: «A roupa de alguém, a fotografia de alguém, ou um corpo morto, são objetos que remetem para uma pessoa ausente» - é isso que se sente naquela sala escura: a ausência, parece que faltam ali pessoas - os casacos movem-se, sem corpo, apoiados num carril colocado no tecto. Disse «É como um cemitério, a igualdade na condição humana»... Há então um cronómetro, no fundo da sala, com números gigantes, vermelhos (estranhos) que vai contabilizando, os segundos de vida do artista. A sala estava muito escura, sentia-se frio e quase silêncio, apenas o som mecânico do carril. Parecem trabalhos tão simples mas deram-me tanto que pensar! 

    No piso inferior, visitamos a exposição «Emergências 2012». Interessante. Uma mistura de arte e ciência em grande parte dos trabalhos expostos. Esta tem que ser visitada com mais calma, para se entender melhor alguns "estudos", pelo que tenciono lá voltar. 


   Por último, ainda na ASA, fomos convidados a assistir a uma performance «I've got you under my skin», que resultou de um workshop realizado com cantores de um coro das redondezas, tentando «colocar no espaço aspectos da música, transformando o espaço através da voz e da relação física entre os intérpretes». Como só foram 20 minutinhos, não considero tempo perdido!
À noite, depois de «Tempo para sentir», lá fomos espreitar novamente a Plataforma e Shelter ByGG, escultura habitável instalada ao seu lado.  Esta também vou explorar melhor, até porque fica na rua até outubro. 


terça-feira, 26 de junho de 2012

Espetáculos # 5 Tempo para sentir

      É altura de fazer o balanço. E deixar registados estes momentos, para mim memoráveis, para posterior e repetido usufruto... não apenas nos calabouços da memória mas com recurso à tecnologia, já que ela existe. 
No sábado, o objetivo inicial era rumar em direção ao mar e viver mais um S. João. Mas, como os planos (quase) nunca se materializam, foi tudo modificado. As sardinhas assadas viraram gambas com ananás. O que nem sequer é muito diferente :)))  Bem, alterados os planos iniciais, decidimos assistir aos ensaios do 3º espetáculo dos La Fura dels Baus - Tempo para sentir. E que bem que se esteve por lá. Foi muito mais agradável o ensaio do que o espetáculo propriamente dito. A multidão acaba por tornar difícil o desfrute como deve ser. Nem o frio nos desmobilizou. O cenário foi magnificamente escolhido, sublime; o coro de crianças emocionante; por mais que utilizem a figura do Homem, eu vou sempre gostar - é muito especial...  Os espetáculos deste grupo catalão são magnetizantes. Já os tinha visto, há mais de 10 anos, no pavilhão do Boavista, no Porto e, já na altura, fiquei como que embriagada pelos cenários, o som, a luz, a novidade ... a audácia, até. Continuam a surpreender em cada espetáculo e eu quero sempre vivê-los mais e mais. 
      Deixo um vídeo retirado do youtube e algumas das minhas fotos (de sábado - ensaios - e de domingo - espetáculo propriamente dito). 

No sábado:









No domingo: 

sábado, 23 de junho de 2012

Quem me manda fazer planos?

      Que diabo! Quem me manda fazer planos? Por incrível que pareça, quando ando entusiasmada com qualquer coisa durante vários dias, quando fico ansiosa à espera que chegue, quando planeio intensamente e preparo o terreno, sai tudo ao contrário!
        Desde sempre foi assim, desde que tenho memória. É óbvio que agora acontece mais vezes do que no passado, até porque a capacidade ou a possibilidade de planear é maior... Mas, qual será a causa? Serão as boas/más energias que se atropelam? Será a ansiedade que eu deposito na situação? Por que razão é recorrente esta coisa?
       É que é mesmo lixado! Fico fula! E o problema é que não encontro forma de contrariar. Parece um ciclo vicioso de negatividades. Mas, convenhamos, que não há coincidências! Alguma coisa eu devo estar a fazer de forma errada. Será que se eu desejar muito, se pensar com muita força, se atrair apenas a energia positiva, as coisas mudam? Vou ficar mais atenta ao meu modus operandi e tentar quebrar este "enguiço" nos próximos tempos. É que já não há paciência!

Música # 5

Lana del Rey 

Conheci há uns dias e não me canso de ouvir...



quarta-feira, 20 de junho de 2012

Exposições # 3

John Cage 
John Cage foi um compositor americano do século XX, pioneiro no uso de instrumentos musicais atípicos. Exerceu muita influência, também, na dança, pensando-se até que terá sido companheiro de Merce Cunningham (bailarino e coreógrafo americano). 

«Uma das obras mais conhecidas de Cage é 4'33, composta em 1952. Os músicos não tocam nada durante o tempo especificado no título, ficando apenas quietos, por esse tempo, diante do instrumento. O conteúdo da composição não é quatro minutos e três segundos de silêncio, como se poderia supor, mas sim de sons do ambiente ouvidos pelo público durante a audição».

Esta exposição, «The anarchy of silence: John Cage e Arte Experimental», realizou-se no novo CAAA (Centro para os Assuntos da Arte e Arquitetura), desenvolvido no âmbito da CEC 2012. Fui vê-la quase por acaso, até porque pouco sabia sobre John Cage. Mas fiquei muito curiosa. É altura de saber mais. 


Das minhas fotos: 

A leitura # 3 Murakami

Balanço de Murakami

Os livros que já li: 



   


Dos livros editados em Portugal, já não existem assim tantos para ler. 
Neste momento, estou a ler a «Crónica do Pássaro de Corda». Tenho em casa o «Dança, Dança, Dança».
Pelos meus cálculos, falta-me «Em busca do carneiro selvagem» e talvez mais um ou outro. 
Dos livros mais conhecidos do autor, se não me engano, «After the quake», «Underground», «Birthday stories», «Hear the wind sing», «Pinball 1973», «Hard boiled wonderland and the end of the world» não têm ainda edição portuguesa. 
Que escreva. Que escreva muito e durante muitos anos é o que desejo! 

A Leitura # 2

       Murakami entusiasma-me sempre muito! Aliás, como já dei a entender... É muito boa a perspetiva de o ler. No entanto, este «After Dark- Os passageiros da noite» não me encheu completamente as medidas! Ainda estão muito frescos os 1Q84 1 e 2 (sobre os quais farei um post um destes dias) e esses são magníficos... Apesar de tudo, gostei da forma como as imagens são construídas, quase cinematograficamente, dirigindo o olhar e o pensamento do leitor, que é reduzido «à condição de puro ponto de vista»!!! 
       Tudo se desenrola no decurso de uma noite, na cidade de Tóquio, em que «o mundo avança quase ininterruptamente, seguindo o seu curso». 

terça-feira, 19 de junho de 2012

Pontos de vista # 3


Apesar de eu não ser, originalmente, de Guimarães, adotei esta cidade como minha.

É uma cidade onde se vive muito bem. A (quase) todos os níveis. E, para além do mais, é linda e completamente fotogénica. Por isso, NÃO ME CANSO NUNCA DE A FOTOGRAFAR. Há sempre novos motivos. E eu vou-me perdendo por aí...

(todas as fotos são atuais - 2012)












Pontos de vista # 2

       Hoje foi o dia da Prova Final de Língua Portuguesa para os alunos do 6º ano. Não sou professora desta disciplina, nem nada que se pareça. Não tenho por hábito tecer juízos de valor sobre os conteúdos deste ou daquele exame. Salvo uma ou outra exceção...Mas, por acaso, as provas de Português gosto de analisar... Por curiosidade, sobretudo, mas também para perceber o que exigem aos nossos miúdos da sua língua materna e que autores lhes dão a conhecer.
       Estive agora a tentar responder às questões. Como uma mera espetadora, enfim! (Ai, que esta palavra soa-me tão mal).
       Começa com um texto de Saramago. Sim, de José Saramago! Não me enganei. É claro que é um texto retirado de um livro escrito para crianças, «A maior flor do mundo». Mas, na minha opinião, aquele excerto que saiu na Prova só poderá ser interpretado por adultos. Talvez seja um bom texto para um pai ler ao seu filho, explicando-lhe depois a lição de moral. Sozinhas, crianças de 11 anos, não chegam lá! Ou estarei muito enganada. Mas não me parece.
       Eu, que estou habituada a ler, a interpretar e que vou conhecendo o estilo de Saramago, tive que reler para entender... Por isso, fico a pensar: não será, realmente, pedir demais a miúdos tão pequenos, cuja capacidade de abstração ainda está tão pouco desenvolvida? Não estaremos a promover a frustração? O que há de positivo na ambiguidade das questões? É que não consigo mesmo entender. Ou talvez consiga. Mas isso não é assunto para agora!


Música # 4

Lorena McKennitt na minha pausa para almoço!
(é que são 15h28m - que hora é aquela que aparece ali?)

Descobri Lorena McKennitt há pouquíssimo tempo. No ano passado. Soava na Feira Medieval de Pontevedra, enquanto nos abrigávamos da chuva intensa. As tais surpresas «ao virar da esquina», literalmente!

Pois. E se não fosse a chuva, não teria ficado atenta da mesma forma e escapar-me-ia. Era uma pena!

Exposições # 2

Resolvi que este brainstorming inicial, para «arranque do blogue» só abarcará 2012 (desde o início, se me apetecer, mas só este ano). Para que exista alguma coerência, vá lá! Coerência do meu raciocínio, claro.

No início do mês de Março, foi possível visitar a Casa da Marcha (Gualteriana) e a exposição intitulada «106 anos de Arte, Cultura e Tradição».

Ficam aqui algumas das minhas fotos:










LinkWithin

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...