sábado, 2 de abril de 2016

A leitura # No teu deserto

Este pequeno livro fez parte desta pequena viagem em família, nos últimos quatro dias. Contribuiu, também, para a melhorar. Comecei a lê-lo no carro, na ida. Prendeu-me desde a primeira frase. Conta a história de uma viagem, ao deserto do Sahara, do próprio autor e de uma jovem, que conheceu aí, há 20 anos atrás. Começa por dizer, no primeiro parágrafo do livro, que ela morre. Que no final ela morre. «Assim mesmo, como se morre nos romances: sem aviso, sem razão, a benefício apenas da história que se quis contar. Assim, tu morres e eu conto. E ficamos de contas saldadas.»
Li sempre que pude. Queria saber o que vinha depois. E por que razão acabava assim. Li, quase às escuras, no quarto de hotel, só com a luz que atravessava timidamente a cortina, de dia, enquanto dormias a sesta. Li no carro, enquanto nos deslocavamos para onde quer que fosse. Li, à noite, enquanto dormias, na casa de banho do quarto de hotel, o único local onde a luz não te importunava o sono...
Penso que esta ânsia só poderá significar que gostei do livro, deste «quase romance»... Continuo, no entanto, a questionar-me como pode este homem, Miguel Sousa Tavares, escrever assim...
“Escrever é usar as palavras que se guardaram: se tu falares de mais, já não escreves, porque não te resta nada para dizer.”

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