Nos últimos tempos, não falei de outra coisa com os meus mais próximos. De tal maneira nos marca este relato (ou esta sociedade tão estranha e secreta) que não há forma de fugir ao assunto. O meu livro até já tem uma filazita de espera!
Desta crónica absorvente e de tantas curiosidades, destaco as seguintes (que fui registando no meu bloco de notas):
- José Luís Peixoto viajou na Coreia do Norte durante 15 dias, numa viagem organizada por uma empresa em Pequim: «Kim-il sung 100th birthday Ultimate Mega Tour».
- Durante a estadia, a impossibilidade de contacto foi permanente. O telemóvel foi entregue na fronteira, à entrada no país, e só seria devolvido noutra fronteira, à saída, em dia e hora pré-determinados. Não havia qualquer hipótese de se receberem emails. O autor apenas pôde telefonar para casa, a partir do telefone do hotel, em chamadas caríssimas (6 euros por minuto, desde que pegasse no telefone, mesmo sem ninguém atender!).
- Não era possível fotografar, a não ser o que consideravam "legítimo". Nunca as estátuas dos líderes poderiam aparecer recortadas nas fotografias. Tinham de ser de corpo inteiro!
- Por falar em corpo inteiro, os jornais possuíam sempre na capa grandes fotos dos líderes que nunca podiam ser dobradas. Os norte coreanos tinham uma técnica especial para dobrar o jornal mas nunca a fotografia de capa.
- No comboio, os norte coreanos nunca se «misturavam» com os estrangeiros.
- Nunca havia troco que chegasse: as contas eram acertadas com garrafas de água, pastilhas,...
- Nunca o autor viu os norte-coreanos a pagarem algo com dinheiro!
- Os líderes: Kim-jong un (o atual) é filho de Kim Jong-il e neto de Kim-Il sung.
- É o país mais militarizado do mundo. Tem o 4º maior exército do mundo.
- Em Pyongyang, não há qualquer publicidade, nada escrito nas paredes. Não há animais nas ruas. É de uma limpeza absoluta. Come-se carne de cão.
- No interior de todas as casas, existiam os retratos dos líderes em par, a ocupar lugares de destaque.
- Ao peito, homens e mulheres usam emblemas dos líderes. Recebem-nos aos 15 anos; há mais de 20 diferentes e expressam o papel do dono na sociedade e no partido.
- «Com frequência, senti que apenas me restava o papel de testemunha alucinada, tentando distinguir a realidade real da realidade retórica apenas através do instinto.»
- Pyongyang tem um Arco do Triunfo, igual ao de Paris, mas maior, como repetiu a guia muitas vezes.
- Os norte coreanos a que se refere o livro chamam-se todos Kim, tanto homens como mulheres.
- A 120 metros abaixo do solo, o metro de Pyongyang é o mais profundo do mundo, por questões militares...
- A praça Kim-il sung, em Pyongyang, tem 75000 metros quadrados.
- Na Coreia do Norte, tudo soava a falso!
- Existe em Pyongyang um colosso, um enorme hotel inacabado, Hotel Ryugyong (que se pode ver em imagens na net), com 330 metros de altura e 150 andares, cuja obra parou em 1992. «Talvez por falta de dinheiro, falta de energia, incapacidade de fazer chegar aos pisos mais altos as máquinas e os materiais».
E são inúmeras as curiosidades, as descrições que nos deixam a pensar. Ficam estas apenas como aperitivo para a leitura deste livro tão interessante!
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