«Durante três tardes a fio, Pedro lá foi posando nu para o retrato de Angelina, precariamente aquecido pelo fogão a petróleo e embalado pelo som das últimas canções de Cole Porter que saíam do gira-discos dela: All through the night, How could we be wrong? e a sua favorita entre todas, Anything goes. Tal como prometera, ela pintava-o de costas e em pé, olhando em direção à luz, para uma janela alta na antiga cocheira, o braço apoiado no parapeito. Jogara com a luz e as sombras, para lhe deixar a cara na sombra e o dorso na luz. Ninguém, senão eles, poderia identificar o modelo.»
in «Rio das Flores», de Miguel Sousa Tavares, pg. 274
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