quinta-feira, 21 de março de 2013

A leitura # 15 «Ficções»

Este livro já está na minha estante desde o ano 2000. Sempre o quis ler, sempre tive muita curiosidade mas, por este ou por aquele motivo, fui protelando e, só agora, o li. A minha ânsia de o ler prendia-se mais com o autor (o tão proclamado Jorge Luís Borges), do que com o livro em si. No entanto, esta é uma das suas obras mais conhecidas, no que à narrativa diz respeito. Na nota biobliográfica diz algo a que eu achei muita graça: «Embora nunca tenha recebido o Prémio Nobel da Literatura, Borges foi um dos escritores mais galardoados da história. (...) Borges afirmou que devia todos estes prémios aos escandinavos: eram como um desagravo que lhe faziam por não lhe outorgarem o Nobel». 
No prólogo, motivou-me aquela frase tão assertiva e verdadeira: «Desvario laborioso e empobrecedor é o de compor vastos livros; o de espraiar por 500 páginas uma ideia cuja perfeita exposição oral cabe em poucos minutos.»
No entanto, confesso que não me deliciei com a leitura deste livro. Antes de mais nada, é necessária uma concentração constante e absoluta, não há espaço para distrações, sob pena de não se entender absolutamente nada do que nos quer dizer Borges. É que ele nunca vai direto ao assunto. O livro está repleto de metáforas, a linguagem é poética, as ideias floreadas e rebuscadas,... Além disso, nunca gostei de histórias soltas, que eventualmente encaixam tipo puzzle, ou não, porque não têm que encaixar, enfim... Gostei, isso sim, das recorrentes alusões a livros e a bibliotecas, embora inventados (os livros e as bibliotecas), tudo ficcionado. 
Na pg.56, escreve Borges: «Tu que me lês, tens a certeza de que compreendes a minha linguagem?» e eu, aqui, fiquei a pensar. Será que compreendo? É claro que interpretei, de acordo com as minhas concepções... Mas, será que é possível perceber (completamente) a criação de alguém como Borges, que lia e relia, como ele escreveu, Schopenhauer, Quincey, Stevenson, Mauthner, Shaw, Chesterton, ... Será que conseguimos entender a alucinação? A este livro substituiria o título. Mais do que «Ficções» criadas por ele, pareceu-me estar a ler os seus Delírios, as suas Alucinações, ...

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