quarta-feira, 18 de julho de 2012

A Leitura # 4 Crónica do Pássaro de Corda

Bem, começar a ler um livro sabendo que é considerado a obra-prima do nosso escritor favorito, deixa as expetativas em alta, como é óbvio! E isso nem sempre é muito positivo.
A «Crónica do Pássaro de Corda» foi o 10º livro que li de Murakami. Já pouco mais tenho para ler em português, o que me entristece. É que este é, simplesmente, um escritor genial e muito absorvente. De todos os que li, a «Crónica do Pássaro de Corda» situo-a lá pelo meio - nem está nos meus preferidos nem é dos que menos gosto. 
A história, mais uma vez, começa num enquadramento simples, baseando-se no quotidiano trivial. Há questões que se colocam e que, como leitores, queremos ver respondidas e, como tal, procuramos a resposta com avidez. No entanto, há situações-chave que procuramos, imaginamos e, até ao fim, não existe uma explicação que nos satisfaça. Eu não queria uma explicação real - podia ser fantástica ou surreal (como é costume) - mas, neste caso, mantiveram-se as dúvidas, mesmo após o folhear da última página - o que deixa sempre uma sensação de insatisfação. Neste livro, não consegui evitar isso!
Uma caraterística típica de Murakami é intrincar a realidade com a fantasia, de maneira a que o leitor não se sinta estranho com essa ligação. De maneira a que o leitor acredite que tudo pode ser real. Neste livro, penso que esta interação não foi tão conseguida como nos outros livros do escritor. Muitas passagens soaram-me estranhas, algo não estava tão bem. No entanto, gostei muito de algumas personagens: Toru Okada (o Sr. Pássaro de Corda), May Kasahara, Creta e Malta Kano, entre outras. A loucura de todas estas personagens confundiu-se, muito subtilmente, com a banalidade, com a normalidade. Foram muito bem construídas e trabalhadas. 
Considero ainda que esta crónica, que é longuíssima, poderia ter alcançado o mesmo nível num menor número de páginas. Sim, acho que o livro, se fosse menos denso, traria benefício para a narração e para a expetativa do leitor. 
Mas gostei muito. Claro que sim. Não há um único livro de Murakami de que eu não goste. Estou é a ficar muito exigente, talvez. Além disso, já devia ter lido este há mais tempo, porque já foi escrito em 1997 e o escritor também evoluiu muito. Esta evolução é muito evidente nas últimas obras do escritor, principalmente em 1Q84, que é magnífico.

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