terça-feira, 31 de julho de 2012

A Leitura # 5 Fúria Divina

Terminei hoje de ler «Fúria Divina». Gostei muito do livro. Penso que o autor conseguiu alcançar plenamente os seus objetivos. Faz com que o leitor fique a entender a base do pensamento islâmico, ou melhor, o que está por detrás do radicalismo de alguns muçulmanos. 
   Construiu, então, uma personagem, Ahmed, que vamos acompanhando desde a infância até se tornar um mudjahedin, ou seja, um terrorista que interpreta e segue à risca o Alcorão, numa vertente bélica. Fiquei estupefacta pelo facto de existirem no Alcorão mais de 150 versículos dedicados à jihad, ou seja, à guerra. Compreende-se por que razão existe um machismo exacerbado em relação às mulheres muçulmanas, por que razão os homens as tratam da forma como tratam e qual a base para tais comportamentos. Vai-se entendendo a aversão que têm em relação aos kafirun, ou seja, aos infiéis - todos os povos, incluindo muçulmanos (xiitas) - que querem combater e/ou converter ao islamismo.
   Os capítulos que nos retratam a vida muçulmana (dos sunitas) são intercalados por outros capítulos em que entra em acção, mais uma vez, Tomás Noronha, a velha personagem de José Rodrigues dos Santos. Neste livro, ao contrário do «Sétimo Selo», achei que esta personagem estava mais coerente e melhor construída, apesar de não gostar muito. O facto de existir este intercalar de situações (que depois se cruzam) torna o livro mais apetecível. O autor consegue captar a atenção do leitor e manter sempre altas as expectativas. Ou seja, é daqueles livros de leitura muito fluida, que nos ajudam a criar imagens explícitas e que nos obrigam a virar página atrás de página, com rapidez, porque algo ficou no ar e queremos ver desenvolvido. 
    Só continuo a não gostar dos diálogos americanizados que o autor vai lançando lá pelo meio do livro. Aqueles "Ouvi dizer que é fucking delicious", "Jolly good, mister",...  ou as onomatopeias "Ploc, Ploc", «Crrrrrrrrr", "paf, paf", "toc, toc, toc", ... Tudo questões técnicas que, na minha opinião, não engrandecem o livro. Por outro lado, esperava que o final do livro fosse melhor. É forçada a aparição de Bin Laden, o encontro com Ahmed, a bomba desativada no último segundo, enfim... Até 3/4 do livro, classificá-lo-ia com 4 estrelas e, a partir daí, só 2 ou 3. 

   
    Do autor, é o terceiro livro que leio. O primeiro foi o «Sétimo Selo», o segundo foi o «Anjo Branco». Gostei de todos eles mas foi este, sem dúvida, o que mais me inquietou e prendeu do início até ao final.
    Obviamente que quero continuar a explorar outros livros de JRS. 

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