terça-feira, 10 de julho de 2012

Momentâneo Espiritismo

       Durante as minhas arrumações, encontrei na gaveta dos papéis antigos um envelope. Um envelope grande, velho, gasto, intrigante...que apalpei, cheirei, interroguei e abri! 
    Continha alguns dos meus escritos (alguns individuais, outros não) de há muitos e muitos anos. Sempre me fez bem escrever. O hábito é antigo. Parece que me esvazia um bocadinho. 
    A leitura, na atualidade, destes poemas fez-me refletir, como é óbvio. Tirei várias conclusões... sobre as quais nada vou escrever... O que é facto é que também eu, como o poema, fiquei imersa em reticências...
      Fica aqui um deles, dos individuais (transcrito ipsis verbis). É de 1994. Ou seja, tem 18 anos. E eu tinha  (quase) 16. Achei estranho. Talvez andasse a ler ou a ver o que não era para mim...  Só digo isso!

Momentâneo Espiritismo

Confidencialmente
...Te mostro o vazio, 
o oco me ensombra,
ou me possui inteira.
Ao longo de mim não rogo
pelo que superficialmente me atinge.
Ou mata...
Resisto às aparências
De um sol tapado e infeliz
Que, por si só, assim o é.
... Não quero a vida
que me assustou ou alvejou, 
me assaltou sozinha...
Exijo compreensão
da insatisfação de uma vida
que, por ser comum, não me sacia...
... me martiriza, sufoca...
Elevo uma alma
que tentou ser humana, 
mas, desistindo, se esvai,
para o lugar primogénito...
ou...elevo-me...
...Confidencialmente.
                                                                          1994/06/30

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